domingo, outubro 26, 2008

Advogado do Diabo, parte dois: emo é tudo igual?

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Emo é tudo igual? Vale a pena perder seu tempo conhecendo as bandas que a molecada chorona gosta de ouvir para revoltar-se contra... bem contra o que quer que seja?
Vamos aos fatos: entender o pequeno universo emo é entender um pouco de quem são nossos adolescentes e pré adolescentes, de como esse fenômeno já ultrapassado na maioria dos países de primeiro mundo se faz ainda relevante para milhões de vidas que estão passando por uma puberdade de terceiro mundo. Entender o emo é um pouco de entender por que o NX zero, a banda que tem sido apontada por diversos veículos de imprensa como "o quente do momento" há pelo menos dois anos é uma banda que fincou raízes nessa estética, e, em seu momento de maior consagração midiática, gritou a plenos pulmões: Emo é o caralho!
Entender o emo é entender que sempre houve e sempre haverá música malcheirosa no mundo pop, e entender como cada vez mais a música é direcionada a seu público alvo - no caso, os já mencionados adolescentes - e perde o sentido para a maioria dos demais. Entender o emo é entender, enfim, sua música.
Não é muito comum ver algum adulto dizer que gosta do NXzero, não lembro de já ter presenciado essa cena. Nem mesmo em seus clipes os adultos os admiram - em seu vídeo mais famoso, os adultos que aparecem os ignoram, sem ódio, com desdém. Eles sabem onde estão pisando - são uma sensação adolescente, ao passo que não são uma banda de rock artisticamente relevante. Não são nossos Sex Pistols, são nossos Menudos. Alimentam sonhos de meninos e meninas adolescentes, alimentam o vazio de sua revolta frente ao que um dia vão se tornar e oferecem uma estética que traz uma opção fácil de identidade.
E quanto à sua música? São bons?
São competentes. Fazem música para agradar a seu público, e têm muito sucesso nessa empreitada. Não me agradam, e imagino que nunca vão me agradar - acredito que não se importem muito com isso, tal qual os New Kids On The Block, em sua época.
Ei-los.




Há uma banda chamada Panic at The Disco que é frequentemente associada a essa estética. O nome despertou minha curiosidade, mas motivado pelo famoso preconceito burro que não poupa ninguém, demorei a dispender atenção para os rapazes. Há de se separar o joio do trigo: mesmo levando em conta que os rapazes estavam, mesmo, relacionados a essa estética, eram uma banda muito mais competente, original e criativa que as demais. Admirável.
Em 2008, entretanto, somos servidos de uma surpresa bastante agradável. Os rapazes conseguiram realizar com sucesso uma ruptura que muita gente tenta, mas poucos de fato conseguem concretizar com sucesso. Os rapazes motivaram-se a reconstruir sua estética, assimilando uma grade leva de influências, redesenhando sua música e sua imagem. Quase todas as bandas relevantes passam por momentos de virada, e o caso não foi diferente. O disco que lançaram, Pretty. Odd, respondeu a uma pergunta que há tempos me importunava: por que as bandas relevantes no cenário pop não cometem mais megalomanias pop excêntricas, criativas e redondas como fizeram, por exemplo, os Beatles em seu Sgt. Pepper´s ou o Queen em seu A Night At The Opera? Por que não se recusam a escolher os caminhos fáceis e a ousar com empenho e inovação? Por que ninguém tenta fazer um disco como o Sgt. Pepper´s? Bem, ao que parece, eles tentaram. Evidentemente não conceberam um álbum com a densidade, qualidade e relevância dos discos mencionados, mas fizeram um trabalho rico, belíssimo, interessantemente cheio de conteúdo, mas ainda pop.
Segue uma pequena faixa do disco, cuja audição eu recomendo fortemente.



Coisa linda. Alguma coisa a ver com o vídeo anterior? Que bom ter conhecido os Panic at the Disco, que fizeram em um ano um disco muito melhor do que o Queen que, após 15 anos de espera, nos desapontou com o irrelevante Cosmos Rocks.