quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Ah, the lonely people!



Como quase toda criança da época, adorava Michael Jackson. Depois, na adolescência, começando a desvendar o mundo da música, passei a abominá-lo e a tudo que considerava "pop", ou seja, música descartável de baixa qualidade... Hoje em dia não vejo mais o Moonwalker como um ídolo do bem ou do mal, mas como um ser humano que fez coisas admiráveis e muita bobagem, artisticamente e, principlamente, como pessoa.

A gravação que o Caetano fez de Billy Jean pareçe captar exatamente esse lado humano. Transfigurada em bossa, o que a valoriza em termos de melodia e letra e elimina sua característica dançante, a música evidencia um lado sensível e criativo do autor por detrás de toda marquetagem e apelo consumista.

Mas a grande sacada é o final, a frase "Aaaaaah, look at all the lonely people!", refrão de "Eleonor Rigby" dos Beatles. É como se estivéssemos pensando "olhem esses solitários, o que são capazes de fazer". E o sentimento é pena. O que faz uma pessoa querer tanto bater recordes de venda de discos, ter multidões a seus pés, isolar-se em um mundo de mentira (o palácio dele, a "Terra do Nunca"), descaracterizar o próprio corpo até a mutilação e abusar de criancinhas? Quanta solidão, que carência doentia!

Esse vídeo ficou muito legal... Uma coisa nostálgica e forte. Como um vídeo de Chaplin, sei lá...