terça-feira, novembro 06, 2007

Reflexões

.
Recebi hoje esse texto, é um daqueles que circulam por e-mail. Não conheço a autora, mas me pareceu bastante lúcido ao mesmo tempo em que não faz o gênero moralista/piegas. E soa muito verdadeiro. Acho muito saudável encarar aquelas verdades que sempre são varridas para baixo do tapete. E para não abusar do termo "alienação", bastante desgastado, a autora francesa Viviane Forrester fala em "violëncia da calma". Sugestivo não?

...

Reflexões
Por Sandra Silva, socióloga.

O mundo cada vez mais aumenta o número de criaturas mesquinhas, prepotentes, individualistas, ambiciosas e arrogantes. Esse perfil nefasto é como uma trilha de pólvora que se incendeia com rapidez incalculável para, de repente, explodir numa grande labareda que consome a tudo que se encontra em seu perímetro de alcance.

Essa gente vive encastelada em seu pequeno espaço achando que o seu poder ou status financeiro são suficientes para garantir a eternidade da posição.

Há outros que colocam a máscara de bom samaritano, sempre risonhos e sociáveis, mas que somem ao mais singelo tropeço dos que dantes eram amigos. Manchar a sua reputação, jamais!

Quando a fatalidade atinge as pessoas, há as que preferem destroçar a si e a quem a sua volta está. Umas poucas fazem das amarguras lições para novos e sadios valores e condutas. Em tempos onde o ter se sobrepôs a tudo, enriquece a ignorância e empobrecem os espíritos.

São os tempos pós-contemporâneos onde se está sempre a correr por uma estrada que não conduz a coisa alguma.

O mundo ficou mais bonito e fácil pela modernidade da tecnologia e do conhecimento material. Mas perdeu o encanto dos bem-quereres, existentes hoje apenas nos versos de alguns poetas.

Poderíamos ter em todas as áreas ações corretas e sábias, minimizando a crueldade que se abate sobre tantos, seja neste ou em qualquer país do planeta. Infelizmente sabemos fazer bons discursos, mas nossa prática é absurdamente contrária. Nosso olhar que deveria ser amoroso tem um fel escondido pronto a ser inoculado para destruir o que vimos como barreira para atingir propósitos que nem sempre têm viés de decência.

A política brasileira transformou-se numa mesquinhez assustadora. Nossos representantes agem levianamente quer seja quando barganham melhores condições para si ou para seus parentes e amigos próximos, quer quando pouco discutem matérias que seriam de relevância pública. Há situações tão absurdas que chegam ao auge de serem votadas e passarem a viger sem que tenha havido discussões e análises mais profundas.

Nos últimos anos tantas foram as ações vergonhosas e imorais provocadas por inúmeros homens públicos que a sociedade está se esquivando da política. Velho chavão, mas sempre atual, é o de que quando os bons se afastam os maus e mal intencionados tomam conta.

O Estado brasileiro não tem contemplado a população na mesma proporção com que dela retira as contribuições e os tributos. Com uma taxação de 42% de tributação vive-se sob um torniquete pessoal de dívidas que se avolumam. A máquina pública ao invés de diminuir cresce desenfreadamente sem retribuir em proporção semelhante à sociedade, mas poucos estão percebendo a gravidade dos fatos e as agruras que podem advir ante a indiferença que se resolveu adotar.