Texto tirado do escrito "Pensar por si mesmo", de Shopenhauer.
Li e achei um ponto de vista interessante.
Faz pensar, provoca... e isso é bom...
Li e achei um ponto de vista interessante.
Faz pensar, provoca... e isso é bom...
(...) O efeito que o pensamento próprio tem sobre o espírito é incrivelmente diferente do efeito que caracteriza a leitura, e com isso há um aumento progressivo da diversidade original dos cérebros, graças a qual as pessoas são impelidas para uma coisa ou para outra.
A leitura impõe ao espírito pensamentos que, em relação ao direcionamento e à disposição dele naquele momento, são tão estranhos e heterogêneos quanto é o selo em relação ao lacre sobre o qual imprime sua marca. Desse modo, o espírito sofre uma imposição completa do exterior para pensar, naquele instante, uma coisa ou outra, isto é, para pensar determinados assuntos aos quais ele não tinha na verdade nenhuma propensão ou disposição.
Em contrapartida, quando alguém pensa por si mesmo, segue seu mais próprio impulso, tal como está determinado no momento, seja pelo ambiente que o cerca, seja por alguma lembrança próxima. No caso das circunstâncias perceptíveis, não há uma imposição ao espírito de um determinado pensamento, como ocorre na leitura, mas elas lhe dão apenas matéria e a oportunidade para pensar o que está de acordo com sua natureza e com sua disposição presente.
Desse modo, o excesso de leitura tira do espírito toda a elasticidade, da mesma maneira que uma pressão contínua tira a elasticidade de uma mola. O meio mais seguro para não possuir nenhum pensamento próprio é pegar um livro nas mãos a cada minuto livre. Essa prática explica porque a erudição torna a maioria dos homens ainda mais pobres de espírito e simplórios do que são por natureza, privando também seus escritos de todo e qualquer êxito. Como disse Pope, eles estão:
A leitura impõe ao espírito pensamentos que, em relação ao direcionamento e à disposição dele naquele momento, são tão estranhos e heterogêneos quanto é o selo em relação ao lacre sobre o qual imprime sua marca. Desse modo, o espírito sofre uma imposição completa do exterior para pensar, naquele instante, uma coisa ou outra, isto é, para pensar determinados assuntos aos quais ele não tinha na verdade nenhuma propensão ou disposição.
Em contrapartida, quando alguém pensa por si mesmo, segue seu mais próprio impulso, tal como está determinado no momento, seja pelo ambiente que o cerca, seja por alguma lembrança próxima. No caso das circunstâncias perceptíveis, não há uma imposição ao espírito de um determinado pensamento, como ocorre na leitura, mas elas lhe dão apenas matéria e a oportunidade para pensar o que está de acordo com sua natureza e com sua disposição presente.
Desse modo, o excesso de leitura tira do espírito toda a elasticidade, da mesma maneira que uma pressão contínua tira a elasticidade de uma mola. O meio mais seguro para não possuir nenhum pensamento próprio é pegar um livro nas mãos a cada minuto livre. Essa prática explica porque a erudição torna a maioria dos homens ainda mais pobres de espírito e simplórios do que são por natureza, privando também seus escritos de todo e qualquer êxito. Como disse Pope, eles estão:
For ever reading, never to be read.
[sempre lendo para nunca serem lidos.]
(Pope, Dunciad, III, 194)
[sempre lendo para nunca serem lidos.]
(Pope, Dunciad, III, 194)
Os eruditos são aqueles que leram coisas no livros, mas os pensadores, os gênios, os fachos de luz e promotores da espécie humana são aqueles que as leram diretamente no livro do mundo.
No fundo, apenas os pensamentos próprios são verdadeiros e têm vida, pois somente eles são entendidos de modo autêntico e completo. Pensamentos alheios, lidos, são como as sobras da refeição de outra pessoa, ou como as roupas deixadas por um hóspede na casa.
Em comparação com os pensamentos próprios que se desenvolvem em nós, os alheios, lidos, têm uma relação como a que existe entre o fóssil de uma planta pré-histórica e as plantas que florescem na primavera.
A leitura não passa de um substituto do pensamento próprio.
(...)
Assim, uma pessoa só deve ler quando a fonte dos seus pensamentos próprios seca, o que ocorre com bastante freqüência mesmo entre as melhores cabeças.(...)
No fundo, apenas os pensamentos próprios são verdadeiros e têm vida, pois somente eles são entendidos de modo autêntico e completo. Pensamentos alheios, lidos, são como as sobras da refeição de outra pessoa, ou como as roupas deixadas por um hóspede na casa.
Em comparação com os pensamentos próprios que se desenvolvem em nós, os alheios, lidos, têm uma relação como a que existe entre o fóssil de uma planta pré-histórica e as plantas que florescem na primavera.
A leitura não passa de um substituto do pensamento próprio.
(...)
Assim, uma pessoa só deve ler quando a fonte dos seus pensamentos próprios seca, o que ocorre com bastante freqüência mesmo entre as melhores cabeças.(...)