Apresento-lhes (quero dizer, digo "apresento-lhes" sem saber se conhecem ou não, mas isso de fato não importa agora) um pequeno texto de Julio Cortázar, presente no livro "Histórias de cronópios e de famas", que é composto por quatro "sortimentos", nas palavras do autor: Manual de instruções, estranahs ocupações, matéria plástica e Histórias de cronópios e de famas. vale muito a pena ler, mas tenham sempre em mente que o absurdo, o impensável e o mais óbvio estão presentes, mudando smepre o nosso ponto de vista das coisas. Com vocês, Instruções para Chorar:
"Deixando de lado os motivos, atenhamo-nos à maneira correta de chorar, entendendo por isto um pranto que não ingresse no escândalo, nem que insulte o sorriso com sua paralela e torpe semelhança. O pranto médio ou ordinário consiste em uma contração geral do rosto e um som espasmódico acompanhado de lágrimas e mocos, estes últimos ao final, pois o pranto se acaba no momento em que se assoa o nariz energicamente. Para chorar, dirija a imaginação para si mesmo, e se isto resulta-lhe impossível por haver contraído o hábito de crer no mundo exterior, pense em um pato coberto de formigas ou em esses golfos do estreito de Magalhães em que não entra ninguém, nunca. Chegado o pranto, se tapará com decoro o rosto usando ambas as mãos com a palma voltada para dentro. As crianças chorarão com a manga da camisa contra a cara, e de preferência em um canto do quarto. Duração média do pranto, três minutos."
o vídeo foi feito a partir de um outro texto do mesmo livro. é engraçado.
beijos e fiquem em paz.